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DANÇA COM OS ELEMENTOS

  • Foto do escritor: Alexandra Mettrau
    Alexandra Mettrau
  • 21 de fev. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de abr. de 2023


Sinto a resistência do vento. Sigo adiante lentamente, na contra-corrente do mar e do ar. Mais fácil seria me entregar, deixar que o vento dite a direção para onde seguir, deixar que ele me leve ao sol poente, ao descanso refrescante de Apolo e seus fogosos cavalos no oceano.


Ainda não é chegada a hora. A luz do dia ilumina o céu em toda a sua extensão, embora já surjam vislumbres de cores frias onde, em breve, a lua e a noite se erguerão para reinar.


Sei que devo seguir. Sei que devo encontrar a vida que pulsa entre os cascos de barcos ancorados junto ao píer. Lá ficarei um pouco mais protegida. Por enquanto é uma questão de seguir remando contra a correnteza, mas sem brigar com o vento. Deixar que ele defina a velocidade de meus avanços. Sentir o frescor de suas carícias em meu rosto, em meus cabelos, em meu corpo. Sentir a liberdade de saber que posso seguir, mas não preciso correr, não preciso brigar com as forças da natureza. Ao invés de confrontá-las, amá-las e ser amada por elas.


Nessa conversa com os elementos, aos poucos entro na enseada. Sei que cheguei ao meu destino, pois as tartarugas vieram me saudar em sua subida à superfície para respirar. Quatro, cinco belas cabeças, emergem, em diferentes momentos e locais ao meu redor, como que dizendo: - Você voltou! Me deixo ficar. Me deixo encantar pelas saudações e me delicio parada, imóvel, uma vela num momento sem vento, na imensidão do mar.


A liberdade de ir, em um diálogo profundo com o ar, a luz, a água, o calor do sol. A liberdade de saber que não posso chegar a lugar nenhum se eu não ouvir e respeitar o que eles me dizem e me impõem. A liberdade de me fazer respeitar em minha pequena meta de chegar às tartarugas. A dança com os elementos.


Contemplo o mar e o céu. Agora as sombras já se ergueram sobre os montes e só me resta capitular. É hora de voltar e posso me entregar ao vento que, carinhoso, me direciona ao sol poente, me leva de retorno ao porto de onde parti. Não preciso mais resistir, basta que eu, de vez em quando, corrija um pouco a rota, para não ir para alto-mar.


É chegada a hora. À minha frente o róseo-dourado das nuvens esparsas no céu me dizem que Apolo finalmente terminou sua volta no céu diurno e o fogo de seus corcéis sobe em brasas ao tocar o mar. Às minhas costas deixo os violetas emoldurando a subida de Diana, que traz a noite, em seu enorme disco alaranjado. Obedeço, volto à casa.


O dia se faz noite e o mar se faz onda que suavemente rebenta na praia, me entregando a meu destino.


CRÉDITO DA IMAGEM

Filmagem por drone: Marcelo Guedes

Alexandra Mettrau de SUP dançando com os elementos ao por do sol em Manguinhos, Armação dos Búzios



 
 
 

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